quarta-feira, 18 de junho de 2014

MACHADO DE ASSIS

MACHADO DE ASSIS ( 1º ANO)

                                

BIOGRAFIA

JOAQUIM MARIA MACHADO DE ASSIS



                
Romancista, cronista, poeta e teatrólogo, Joaquim Maria Machado de Assis nasceu no Rio de Janeiro em 21 de junho de 1839, no morro do Livramento. A falta de recursos impediu que realizasse estudos regulares, frequentando apenas o primário numa escola em São Cristóvão. Aos 16 anos de idade se iniciou na vida literária, publicando ‘Ela’, um poema, na ‘Marmota Fluminense’, da qual se tornou colaborador regular. A partir daí, passou a escrever também para o ‘Diário do Rio de Janeiro’, a ‘Semana Ilustrada’ e outros. Em 1869, casou-se com Carolina Augusta Xavier de Novais. A carreira literária de Machado de Assis se firmou graças a seus contos e romances, dotados de uma aguda ironia e uma visão pessimista da existência. Suas obras, como ‘Helena’, ‘A Mão e a Luva’, ‘Esaú e Jacó’, ‘Dom Casmurro’ e ‘Memórias Póstumas de Brás Cubas’ tornaram-se marcos da literatura brasileira. Paralelamente à sua carreira literária, Machado de Assis ocupou diversos cargos enquanto funcionário público chegando, entre outras coisas, ao posto de Diretor-geral do Ministério da Viação. Foi também um dos fundadores e o primeiro presidente da Academia Brasileira de Letras, em 1896. Machado de Assis faleceu em 29 de setembro de 1908, no Rio de Janeiro, quase cego e muito doente, prostrado pela perda da esposa, que morreu em 1904.

Soneto "A Carolina" foi o último escrito por Machado de Assis; leia poema:
A CAROLINA                                            


Querida, ao pé do leito derradeiro







Em que descansas dessa longa vida,
Aqui venho e virei, pobre querida,
Trazer-te o coração do companheiro.

Pulsa-lhe aquele afeto verdadeiro
Que, a despeito de toda a humana lida,
Fez a nossa existência apetecida
E num recanto pôs um mundo inteiro.

Trago-te flores, - restos arrancados
Da terra que nos viu passar unidos
E ora mortos nos deixa e separados.

Que eu, se tenho nos olhos malferidos
Pensamentos de vida formulados,

São pensamentos idos e vividos.Machado de Assis


RESUMO


Em Os Melhores Contos de Machado de Assis, Domício Proença Filho seleciona contos de um dos maiores escritores brasileiros. Domício também escreveu o prefácio da obra, lançada em 1984. Confira resumos de alguns contos:

Teoria do Medalhão: É um diálogo entre pai e filho na noite em que este completa a maioridade. O pai aconselha o filho a mudar seus hábitos, deixar de lado seus gostos e opiniões a fim de se tornar um Medalhão, ou seja, uma pessoa de fama e riqueza. Na teoria do pai, para alcançar esse objetivo era preciso ser uma pessoa neutra diante dos acontecimentos, ter um vocabulário limitado, preferindo sempre a conversa e o humor simples, não a ironia. Deveria apenas parecer ser sábio, mas sem precisar ser. Depois de aconselhar, o pai pede para o filho ir dormir e pensar no que lhe disse.


O Alienista: O personagem Dr. Simão Bacamarte, o alienista, é um médico que, depois de frustrar-se com a falta de filhos em seu casamento, resolve dedicar-se ao estudo da neurologia; começa a investigar a falta de sanidade humana. Dr. Simão cria, então, a Casa Verde, no intuito de abrigar os loucos da região e de aprofundar seus estudos. No início seu ato foi bem visto, porém, com o tempo, ele passou a internar pessoas sem motivos aparentes, o que gerou uma rebelião popular. Porfírio, líder da rebelião, consegue tomar o poder, mas ao fim, resolve manter a Casa Verde. Ao perceber que a maior parte da cidade estava internada, o alienista resolve liberar os internos e rever sua teoria: se a maioria apresentava características de insanidade, então os “normais” é que estavam fora do padrão e deviam ser internados. Após algum tempo, revê novamente sua teria e conclui que ninguém tinha personalidade perfeita, somente ele. Decide se internar sozinho na Casa Verde para o resto da vida.


O Enfermeiro: Procópio é um enfermeiro que vai para uma cidade do interior cuidar de um velho rico e rabugento. No início, Procópio achou que estava com sorte, mas logo viu que seus dias não seriam fáceis tendo que aturar as ofensas verbais e até físicas do velho Felisberto. Chega a pedir as contas, mas o velho pede desculpas e o enfermeiro resolve ficar. As ofensas continuam e, numa certa noite, o enfermo joga uma vasilha na cabeça de Procópio, este, com os nervos a flor da pele, acaba matando o velho enforcado. O enfermeiro tinha fama de paciente e acaba ficando com a herança do velho. Diante da boa imagem que tinha na cidade, Procópio acaba esquecendo a sua culpa e fica com a herança sem grandes remorsos. A história é narrada pelo enfermeiro, já velho e a beira da morte.


A Cartomante: Rita é amante de Camilo, amigo de infância de seu marido Vilela. Insegura com essa situação e com medo de perder o amante, Rita resolve procurar uma cartomante e conta para Camilo, este zomba de sua inocência e diz não acreditar em previsões. A aproximação dos amantes se deu com a morte da mãe de Camilo, o casal se aproximou dele e Rita acabou se envolvendo amorosamente. Certo dia, Camilo recebe uma carta anônima dizendo que sabiam de seu romance secreto. Com isso, ele se afasta de Rita e esse é o principal motivo de sua insegurança.

Depois de um tempo afastado, Camilo recebe uma carta de Vilela pedindo para ir a sua casa com urgência. Camilo, então, decide visitar a cartomante da qual antes zombava. A cartomante acalmou Camilo, dizendo que nada aconteceria. Como havia “adivinhado” o seu susto, Camilo fica confiante e se convence de que não há nada a temer. Vai à casa de Vilela e antes que batesse na porta, o amigo lhe recebe alterado. Sem dizer nada, Vilela faz um gesto para Camilo segui-lo. Chegando à sala, Camilo dá um grito por ver Rita morta. Vilela o pega pela gola e também lhe mata com dois tiros. 


Missa do Galo: Nogueira vai estudar no Rio de janeiro e se hospeda na casa do escrivão Meneses, um parente distante. Meneses mantém um caso extraconjugal consentido por sua esposa, Conceição, uma mulher boa e pacata. Nogueira não retorna para Mangaratiba, sua terra natal, apesar de estar de férias porque quer assistir à missa do Galo na corte. Na noite da véspera de Natal, Meneses vai encontrar a amante e Nogueira fica acordado lendo e aguardando o horário para ir à missa com o vizinho. Conceição acorda e os dois começam a conversar, falam de assuntos variados, riem, se aproximam no intuito de falar mais baixo para não acordar D. Inácia, mãe de Conceição.Nessa noite, Conceição fica mais solta, mais falante e Nogueira fica encantado observando-a. O vizinho interrompe a conversa e Nogueira parte para a missa do galo. No ano seguinte, Nogueira fica sabendo da morte de Meneses e do casamento de Conceição com um escrevente. O conto é narrado por Nogueira já adulto, dizendo não saber explicar o que tinha acontecido naquela noite entre ele e Conceição.


CONTEXTO

Sobre o autor
Machado de Assis foi o principal nome do Realismo no Brasil, e sem dúvida um dos maiores autores de nossa literatura. Domício Proença Filho, organizador da coletânea, é professor e pesquisador de literatura, foi eleito para a Academia Brasileira de Letras em 2006, ocupando a cadeira número 28.


Importância do livro
Os Melhores Contos de Machado de Assis é uma antologia de narrativa curta selecionada por Domício Proença Filho e dividida em 29 contos. As narrativas de Machado giram em torno do cotidiano e das pequenas coisas. Sempre de forma irônica, que é uma marca do autor, faz uma análise do homem e da sociedade em que está inserido.

ANÁLISE

Machado de Assis tem como tema comum de seus contos o cotidiano e a vida das pessoas que habitavam o Rio de Janeiro no século XIX. É possível fazer uma análise daquela época através de sua narrativa, que através de simples histórias revelam os costumes, a forma de socialização, as relações de poder presentes naquela sociedade.
Além do retratar a sociedade, Machado consegue como poucos revelar a psique humana. Através da ironia, uma marca de seus textos, o autor é capaz de revelar o homem universal e não apenas um tipo específico. Consegue caracterizar tão profundamente as fraquezas do ser humano, que seus contos passam a ser universais, fazendo com que qualquer um possa se identificar.

No conto “Teoria do Medalhão”, Machado retrata a aniquilação do indivíduo em favor de uma imagem e posição social considerada privilegiada. O pai pretende realizar-se a partir do filho e lhe aconselha a se tornar um medalhão: alguém reconhecido, com prestígio social, mas que abre mão de seus gostos pessoais, de instruir-se. Em “O Alienista”, fica clara a análise psicológica e crítica que faz do homem e da sociedade. Ao criar um hospital para tratar a insanidade, o médico acaba internando a maior parte da cidade, concluindo que é loucura seria o padrão social.

Podemos verificar, em “A Cartomante”, a ironia de Machado ao construir um personagem que a princípio zomba da amante por ela ter superstições e acaba acreditando na cartomante; crença que provoca sua morte. O conto “Missa do galo” é um simples relato da noite de véspera de Natal de um adolescente, mas que revela muito da estrutura social da época: a traição consentida e a mulher limitada ao espaço da casa.

PERSONAGENS


- O filho (Teoria do medalhão): rapaz de 21 anos que recebe conselhos de seu pai para se tornar um medalhão na noite do seu aniversário. Passivo, aceita as imposições do pai.

- Dr. Simão Bacamarte (O Alienista): é o protagonista da estória. Sua vida era dedicada à Ciência. Representa a caricatura do despotismo cientificista (doutrina que considerava o conhecimento científico definitivo) do século XIX. Acabou se tornando vítima de suas próprias ideias, recolhendo-se à Casa Verde por se considerar são de Itaguaí.

- Procópio (O enfermeiro): é teólogo, mas já havia desenvolvido alguns trabalhos como auxiliar de enfermagem. Por isso aceita o trabalho de enfermeiro na cidade do interior. Tem boa índole e é muito atencioso. Porém, ao passar a trabalhar para um rabugento coronel da pequena cidade de Bom Sossego, Procópio vai perdendo sua paciência com os muitos maus tratos por parte do velho coronel doente e acaba mostrando-se violento.

- Rita (A cartomante): moça formosa e ingênua de trinta anos. Era insegura e supersticiosa. Ao consolar Camilo, amigo de seu marido, acaba se apaixonando e vivendo com ele um romance. Em vão, vai à cartomante com medo de perder o amante, é tranquilizada pela golpista e acaba sendo assassinada por seu marido, Vilela.

- Conceição (Missa do Galo): mulher de 30 anos, boa e pacata. Aceita as traições do marido sem fazer nada. Por isso, era considerada “santa” pelo narrador-personagem. É um típico exemplo de mulher machadiana e a fonte das perturbações do protagonista, o estudante Nogueira.

                     CONTO - CANTIGA DE ESPONSAIS

(Proposta de leitura e análise textual - 1º ano)

"Cantiga de Esponsais", de Machado de Assis, pede para que o leitor volte ao tempo, em 1813, e imagine a orquestra da igreja do Carmo sendo regida por Romão Pires, um velho de cabeça branca, bom músico e bom homem. Apesar de tudo isso, lhe falta o dom de compôr. Tem todas as harmonias dentro de si, mas não consegue colocá-las no papel.

Depois de casado, em 1779, Romão começa a compor para sua esposa, que vem a falecer alguns anos depois, impedindo o conto de ser finalizado. Quando doente, ele pega o canto guardado na gaveta e tenta acabar a obra. Tentando se concentrar, vê um casal pela janela e reproduz algumas notas, mas sem inspiração e impaciente, rasga o papel e o joga fora. Neste momento ele ouve a moça cantar para o marido, justamente com a nota musical que procurava. Um conto triste, mas muito bem estruturado. Vale a pena ser lido.



                     







ENREDO DE DOM CASMURRO


A seguir, para que se possa acompanhar melhor a análise a que vamos proceder neste trabalho, transcrevemos aqui o enredo elaborado por Marisa Lajolo, em "Literatura comentada", da Abril Editora:


Dom Casmurro foi publicado em 1900 e é um dos romance mais conhecidos de Machado. Narra em primeira pessoa a estória de Bentinho que, por circunstância várias, vai se fechando em si mesmo e passa a ser conhecido como Dom Casmurro. Sua estória é a seguinte: Órfão de pai, criado com desvelo pela mãe (D. Glória), protegido do mundo pelo círculo doméstico e familiar (tia Justina, tio Cosme, José Dias), Bentinho é destinado à vida sacerdotal, em cumprimento a uma antiga promessa de sua mãe.
A vida do seminário, no entanto, não o atrai, já o namoro com Capitu, filha dos vizinhos. Apesar de comprometido pela promessa, também D. Glóri a sofre com a idéia de separar-se do filho único, interno no seminário. Por expediente de José Dias, o agregado da família, Bentinho abandona o seminário e, em seu lugar, ordena-se um escravo.
Correm os anos e com eles o amor de Bentinho e Capitu. Entre o namoro e o casamento, Bentinho se forma em Direito e estreita a sua amizade com um ex-colega de seminário, Escobar, que acaba se casando com Sancha, amiga de Capitu.
Do casamento de Bentinho e Capitu nasce Ezequiel. Escobar morre e, durante seu enterro, Bentinho julga estranha a forma qual Capitu contempla o cadáver. A partir daí, os ciúmes vão aumentando e precipita-se a crise. Á medida que cresce, Ezequiel se torna cada vez mais parecido com Escobar. Bentinho muito ciumento, chega a planejar o assassinato da esposa e do filho, seguido pelo seu suicídio, mas não tem coragem. A tragédia dilui-se na separação do casal.
Capitu viaja com o filho para a Europa, onde morre anos depois. Ezequiel, já mocó, volta ao Brasil para visitar o pai, que apenas constata a semelhança entre e antigo colega de seminário. Ezequiel volta a viajar e morre no estrangeiro. Bentinho, cada vez mais fechado em usas dúvidas,  passa a ser chamado de casmurro pelos amigos e vizinhos e põe-se a escrever de sua vida (o romance).




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