domingo, 10 de agosto de 2014

ARTIGO DE OPINIÃO


ARTIGO DE OPINIÃO


O artigo de opinião, como o próprio nome já diz, é um texto em que o autor expõe seu posicionamento diante de algum tema atual e de interesse de muitos.

É um texto dissertativo que apresenta argumentos sobre o assunto abordado, portanto, o escritor além de expor seu ponto de vista, deve sustentá-lo através de informações coerentes e admissíveis.

Logo, as ideias defendidas no artigo de opinião são de total responsabilidade do autor, e, por este motivo, o mesmo deve ter cuidado com a veracidade dos elementos apresentados, além de assinar o texto no final.

Outros aspectos persuasivos são as orações no imperativo (seja, compre, ajude, favoreça, exija, etc.) e a utilização de conjunções que agem como elementos articuladores (e, mas, contudo, porém, entretanto, uma vez que, de forma que, etc.) e dão maior clareza às ideias.

Geralmente, é escrito em primeira pessoa, já que trata-se de um texto com marcas pessoais e, portanto, com indícios claros de subjetividade, porém, pode surgir em terceira pessoa.
O artigo de opinião é um gênero que tem como objetivo expressar o ponto de vista do autor sobre questões de ordem política, social, econômica, ou seja, assuntos que tenham alguma relevância para a sociedade e ajudem o leitor a compreender melhor o mundo do qual faz parte.



O artigo de opinião é um gênero formador de opinião.

Um artigo de opinião, como qualquer outro texto que se produza, deve ter uma introdução, um desenvolvimento e uma conclusão. Na introdução devemos dizer claramente do que trata o texto, para logo em seguida, em outro parágrafo, passar ao seu desenvolvimento. Por fim, a conclusão, que pode ser definitiva ou então levar o leitor a refletir e chegar as suas próprias conclusões.

ARTIGO DE OPINIÃO

A escola é o local onde circula a literatura



Book of nature
A leitura pode ter diversas funções na formação das pessoas. Vivemos numa sociedade da cultura letrada, ou seja, estamos cercados por palavras e textos escritos a todo o momento.


Por isso, inicialmente, temos uma necessidade social da leitura, que é aquela que nos aproxima da nossa sociedade, da maneira como o mundo contemporâneo está organizado.
Aqui a leitura está compreendida como todo texto escrito, toda palavra que circula, todo tipo de texto nas diferentes esferas – cotidianas, jornalísticas, escolares etc.
A literatura humaniza. Humanizar não quer dizer que as pessoas se tornam melhores ou piores, mas que conseguem tornarem-se mais humanos, ou seja, mais “colados” na humanidade.
As escolas e os professores no processo de formação de leitores têm um papel de extrema importância.
Para a maioria das crianças brasileiras, a escola é o local onde circula a literatura. Muitas famílias não têm hábito de ler coletivamente, de falar sobre livros, de socializar as leituras feitas, de frequentar livrarias e bibliotecas.
Os filhos imitam os pais com muita frequência, costumam refletir os hábitos familiares, daí que pais leitores são fundamentais na formação de filhos leitores.
O ambiente familiar faz muita diferença. Ler para os filhos desde bem pequenos, ter livros em casa, frequentar livrarias e bibliotecas, falar em literatura, ter momentos coletivos de leitura, ser modelo de bom leitor são dicas importantes.
Infelizmente muitos pais também não são leitores; daí a escola preencher a lacuna deixada pela família não leitora e ainda realizar a sua tarefa que é de aproximar os alunos do conhecimento acumulado pela humanidade, inclusive a literatura.
AS famílias também não sabem ler com fluência e essa é uma capacidade importante para ser bom leitor. Um leitor que não entende o que lê ou que demora demasiadamente para terminar uma página fatalmente se cansa e abandona a leitura.
À medida que tivermos famílias mais leitoras, evidentemente a situação melhorará, mas esse é um longo caminho, pois como já disse, trata-se ao final, da própria relação com o conhecimento.
A escola é um espaço privilegiado de conhecimento e a literatura não pode ser esquecida. Além disso, ela pode ter acervos variados com livros, mapas, periódicos, músicas, filmes que podem atender aos mais variados gostos e desejos dos alunos.
é um espaço coletivo que pode (e deve) propor debates, conversas, bate papos, aulas e exposições sobre leitura e literatura.
Todas essas atividades aproximam os alunos de uma das funções da literatura: que é de melhor compreender o mundo.
O mais importante é ler sempre e ler bem em todas as áreas do conhecimento. Até bem pouco tempo, acreditava-se que a tarefa de ler na escola era exclusividade da área de Língua Portuguesa e Literatura.
Felizmente essa ideia começa a se mostrar desgastada e atualmente professores de História, Geografia, Ciência, Artes e outras disciplinas buscam melhorar suas aulas com o auxílio de muita leitura.
Fazer leituras específicas em suas áreas e também “linkadas” com outras áreas que tornem o tema estudado mais amplamente compreendido é um grande avanço.
Segundo a última pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, Imprensa Oficial indica que o número de leitores no País aumenta à medida que cresce a escolaridade dos brasileiros.
No entanto, dos 4,7 livros lidos per capta/ano no país, 3,4 são indicados pela escola, ou seja, apenas 1,3 não têm essa origem.
É necessário ter mecanismos que aproximem os leitores dos livros via uma compra mais barateada, que depende de muitas mudanças no cenário financeiro.
Porém, os espaços públicos de leitura devem ser aproveitados e deve haver uma luta constante de melhoria e conservação desses espaços.
Por que não fazer projetos de leitura com operários, funcionários, trabalhadores em geral? A escola trabalha com as crianças e jovens, mas poucos projetos cuidam dos adultos.
São vários os projetos de distribuição de livros, de formação de agentes de leitura. Ainda precisamos de muito mais, porque o país é grande e as famílias não são leitoras em sua maioria.
Temos tido a aprovação de importantes leis, como a obrigação da existência de uma biblioteca por município, por exemplo.
(Texto pesquisado em blog de leitura)

DETALHE SOBRE O TEXTO


O caráter argumentativo desse gênero é evidenciado pelas justificativas que o autor utiliza para defender o seu ponto de vista. Como se trata da opinião de uma pessoa, os argumentos podem ser subjetivos, mas devem ser bem explicados para que o leitor compreenda o ponto de vista do autor do texto. Geralmente, quem procura ler um artigo de opinião nos jornais ou em revistas está interessado em análises críticas sobre uma determinada questão ou, em alguns casos, se identifica tanto com o autor do artigo quanto com o assunto discutido.





ADOLESCÊNCIA E ESCOLHA DA PROFISSÃO

Caioá Geraiges de Lemos

Hoje o adolescente preocupa-se principalmente em escolher uma profissão que “poderá trazer-lhe sucesso financeiro”

A escolha da profissão ainda é um dos grandes conflitos do final da adolescência No passado, a escolha da profissão praticamente era feita pela família, sempre dentro de um contexto tradicionalista, mais tarde observamos jovens mais contestadores, com profissões diferentes das de sua família, e muitos não atuaram em sua área de formação. Hoje o adolescente preocupa-se principalmente em escolher uma profissão que “poderá trazer-lhe sucesso financeiro”. Os conflitos mudam conforme o momento social?



Sim. De fato, estamos vivendo numa época em que a tradição perdeu sua força enquanto modo de organização da vida e da experiência das pessoas. Antigamente era a família que decidia que profissão o jovem deveria seguir, dentro de uma gama relativamente restrita de profissões consideradas “tradicionais”. Hoje as pessoas não se contentam simplesmente com uma identidade que seja “legada” ou “herdada” a partir dos valores familiares. Cada vez mais temos que decidir quem somos, como agimos, e até mesmo como parecemos aos outros. Essa diversidade de opções enquanto ao poder ser representa, por um lado, uma forma importante de liberdade, por outro lado, torna o processo de constituição da identidade adolescente muito mais complexo, já que o adolescente encontra-se em permanente reconstrução interna e precisa de referenciais, modelos através dos quais ele possa posicionar-se. O que observo é que os adolescentes vem sendo bombardeados por uma enorme oferta de modelos de identidade rápidos e descartáveis, que não oferecem um norte realmente claro. Isso acontece também na questão profissional onde muitas vezes eles acabam sendo “seduzidos” por profissões da moda ou mais exploradas pela mídia. Esses fatores, juntamente com o excesso de informação e as exigências que os adolescentes percebem à respeito do mundo do trabalho fazem com que o adolescente muitas vezes estabeleça critérios de escolha mais voltados para referenciais externos que para seus interesses, anseios e aspirações. Hoje em dia é comum escutar adolescentes que digam que querem uma profissão que dê dinheiro, não importa qual seja. Essa questão precisa portanto ser entendida sempre dentro do momento social que estamos atravessando.


                     


A diversificação e aumento dos segmentos das profissões pioraram este quadro?



Conforme vinha explicando anteriormente, é uma questão complexa, pois, por um lado, o aumento dos segmentos de profissões aumenta as possibilidades de escolhas enquanto ao poder ser em termos profissionais, e isso representa uma forma de liberdade maior que nos tempos da família tradicional. Por outro lado, estamos vivendo na chamada “sociedade da informação” e percebo que, apesar de todo o conhecimento a que estão expostos, muitos adolescentes têm dúvidas sobre a escolha da profissão não pela falta de informação, mas justamente pelo excesso delas. Sem o suficiente conhecimento sobre si mesmo, seus interesses, aptidões, anseios, expectativas, etc, os adolescentes correm o risco de tomarem decisões baseados em critérios externos, optando por profissões que estão na moda, ou que dizem ter muito mercado de trabalho, ou que sejam mais lucrativas, etc. O problema portanto não é o aumento da oferta de profissões, mas a falta de autoconhecimentopara poder fazer um bom uso dessas novas possibilidades.








Em seu livro, “Adolescência e Escolha da Profissão” - editora Vetor, você traz a pesquisa de campo. A que profissionais está dirigido?



A todas as pessoas que convivem com adolescentes e se deparam com os conflitos relativos à escolha da profissão, ou seja, pais, educadores, psicólogos,psicopedagogos, orientadores profissionais, etc.





Qual o papel da escola na escolha da profissão?



É muito importante que a escola não se limite apenas em oferecer material informativo ao adolescente, mas que possa criar espaços de reflexão que favoreçam ao jovem pensar em suas opções profissionais, promovendo o debate entre colegas, pois, como sabemos, o adolescente funciona muito bem em grupo e os colegas podem oferecer parâmetros importantes para que ele se perceba e verifique seu grau de maturidade e mobilização diante de suas escolhas, se ele tem uma percepção correta do que as profissões que ele considera oferecem, se ele mais ou menos mobilizado para a escolha que seus colegas, como ele vem planejando o seu futuro, poder partilhar suas angústias com os demais, etc. Acredito que o material informativo deveria ser oferecido nesse contexto de discussões, dentro ou fora de aula, mas sempre privilegiando a troca de informações em grupo. Colocar um profissional especializado para realizar este tipo de trabalho é também bastante interessante. Observo que cada vez mais as escolas estão procurando esse tipo de serviço. 


Qual o papel da família na escolha da profissão?



Através do estudo que realizei pude observar que muitos adolescentes sentem-se sozinhos e sem apoio na hora de escolher uma profissão, recebem uma enorme carga de informação e têm uma percepção de superexigência quanto ao mercado de trabalho, que precisarão ser muito competitivos, competentes e adquirir muitos conhecimentos em diversas áreas para conseguir uma inserção no mercado de trabalho. É certo que o mercado está mais competitivo e que o esforço exigido dos profissionais é maior, mas o que me preocupa é o sentimento de solidão que eles trazem, e a experiência de escolher uma profissão como algo apenas com aspectos negativos. Às vezes tenho a impressão de que esses adolescentes estão repetindo o discurso dos pais, que também estão assustados e preocupados quanto ao futuro dos filhos. E os adolescentes, além de estarem vivendo um momento de confusão e dúvidas, sentem que seus pais estão impossibilitados de ajudá-los. Alguns pais procuram interferir o menos possível, isentando-se de dar qualquer tipo de opinião, acreditando que com isso interferirão o menos possível na escolha dos filhos, outrospreocupam-se em ressaltar os aspectos das dificuldades do mercado de trabalho. Acredito que o melhor caminho seria que pais e filhos pudessem planejar juntos o futuro dos filhos e até mesmo decidir pela procura de um profissional da área de orientação profissional, se for o caso.


Como podemos ajudar o adolescente neste momento?



Favorecendo o diálogo com ele, auxiliando na descoberta do conhecimento de si mesmo, e refletindo sobre as possibilidades profissionais que ele tem em mente, enfim, planejando seu futuro junto com ele, para que o adolescente possa se dar conta de que apesar da escolha ser solitária, pois só ele poderá decidir sobre sua própria vida, existem pessoas ao seu redor dispostas a apoiá-lo e a incentivá-lo para que ele possa fazê-la da melhor forma possível.



Publicado em 16/06/2002

Caioá Geraiges de Lemos - Psicóloga Mestre e Doutoranda em Psicologia Escolar pelo Instituto de Psicologia da USP, Professora Supervisora da Disciplina de Orientação Profissional da UNISA, Autora do livro: Adolescência e Escolha da Profissão, Ed. Vetor, 2001